#210 - Seja obcecado com a Vida - Seneca  - Estoicismo

#210 - Seja obcecado com a Vida - Seneca  - Estoicismo

Há um tema mórbido percorrendo a música de Johnny Cash. Sua voz profunda e assustadora raramente está longe de ser uma letra sobre morte ou assassinato ou perda ou luto. Ele tem canções sobre soldados mortos no Vietnã, canções sobre vaqueiros morrendo nas ruas de Laredo, sobre trágicos acidentes com rifles, canções sobre salvação e condenação, canções sobre tragédia e guerra. Famosamente, ele se apresentou quase toda a sua carreira vestido de preto – como se estivesse a caminho de um funeral.

Portanto, não é exagero pensar que ele poderia estar um pouco preocupado com a ideia de mortalidade. Em uma entrevista com Neil Strauss, Cash explicou que essa era a maneira errada de ver isso: "Não sou obcecado pela morte. Sou obcecado por viver. A batalha contra o escuro e o apego ao certo é o que é minha vida. Em 88, quando fiz uma cirurgia de ponte de safena, eu estava tão perto de morte possível. Os médicos estavam dizendo que estavam me perdendo. Eu estava indo, e havia aquela luz maravilhosa para a qual eu estava entrando. Foi incrível, indescritível - beleza e paz, amor e alegria - e então tudo de repente, lá estava eu ​​de novo, todo dolorido e acordado. Fiquei tão desapontado. Mas quando percebi um ou dois dias depois em que ponto estava, comecei a agradecer a Deus pela vida e a pensar apenas na vida. ”

Há uma tendência semelhante de pensar que os estóicos eram obcecados pela morte, particularmente Marco Aurélio e Sêneca. (Sêneca falou tanto sobre a morte que há uma coleção recentemente publicada de seus escritos sobre o tema, na verdade intitulada How To Die). Mas se eles tivessem uma chance semelhante de comentar, como Johnny Cash fez, sobre sua fixação com a morte, poderíamos esperar uma resposta semelhante.

Eles não estavam obcecados em morrer, mas em viver. Eles queriam tirar o máximo proveito de cada minuto dessa existência incerta que todos nós recebemos. Acontece que meditar sobre nossa mortalidade é uma maneira poderosa de fazer isso.

Memento Mori é um exercício que garante que estamos acordados, agradecidos e em paz. Ela nos prepara para a inevitabilidade do que está por vir, enquanto nos permite aproveitar cada segundo entre agora e então.

Isso pode parecer contra-intuitivo, mas na verdade faz todo o sentido. Se você sabe que a morte é inevitável, e que não há nada que você possa fazer sobre isso, e você não tem ideia de quando ela virá, então qual é a alternativa?

É por isso que devemos começar esta manhã com gratidão e urgência, com apreço e consciência. Quanto tempo resta a qualquer um de nós não depende de nós, mas o que fazemos com esse tempo? Essa é a nossa chamada. Essa é a nossa música para cantar.

Um texto de Ryan Holiday

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