#331 - Como reagir a rejeição - Seneca - Estoicismo

#331 - Como reagir a rejeição - Seneca - Estoicismo

“Uma boa pessoa tinge os eventos com sua própria cor… e transforma tudo o que acontece em seu próprio benefício.” — Sêneca.

Então, seu projeto não foi financiado, sua ideia foi jogada de lado, o público não amou seu livro ou filme, seu chefe apenas disse: “Não precisamos mais de você”, o belo estranho com quem você se deu de repente ficou em silêncio.

Rejeição.

Pode ser devastador. Pode fazer você se sentir inútil, como nada.

Mas espere, diriam os estóicos. Por que estamos chamando isso de “rejeição”?

É realmente assim que temos que ver isso?

A essência do estoicismo é que nossa mente muitas vezes obscurece eventos objetivos com todos os tipos de opiniões e interpretações prejudiciais.

Pense em sua reação ao ser demitido agora, inesperadamente. É um daqueles sentimentos nervosos e agitados que bombeiam seu sistema.

Não existe realmente rejeição — existe o evento em si e a história que contamos a nós mesmos sobre o que isso significa.

Nós escolhemos o significado dos eventos.

Quando experimentamos rejeição e nos afundamos na autopiedade, um estoico também nos lembra que a maior parte do que nos incomoda é externo, está fora de nosso controle. Por que deixaríamos que o mundo e outras pessoas tivessem tanta influência sobre nossa saúde emocional e mental?

Como Marco Aurélio escreveu: “Ambição significa amarrar seu bem-estar ao que outras pessoas dizem ou fazem. Autoindulgência significa amarrá-lo às coisas que acontecem com você. Sanidade significa amarrá-la às suas próprias ações.”

Os estóicos também sabiam que a rejeição fazia parte da vida. Eles também praticaram e se prepararam e sabiam que este é um resultado potencial - um estoico nunca é ingênuo em esperar por coisas que estão fora de seu controle.

Eles ensaiaram mentalmente o pior cenário possível, viram como uma situação pode se desenrolar ao contrário de suas expectativas e estão em paz com o que quer que aconteça. Esta então é a resposta momentânea a uma situação - não surpreso por ela, não muito agitado emocionalmente.

Por exemplo, Sêneca começava cada dia revisando ou ensaiando seus planos, digamos, de fazer uma viagem. E então, em sua cabeça (ou por escrito), ele repassava as coisas que poderiam dar errado ou impedir que isso acontecesse — uma tempestade poderia surgir, o capitão poderia adoecer, o navio poderia ser atacado por piratas.

“Nada acontece ao sábio contra sua expectativa”, escreveu ele a um amigo. “. . . nem todas as coisas acontecem para ele como ele deseja, mas como ele considera — e, acima de tudo, ele considera que algo pode bloquear seus planos.

Ao fazer esse exercício, Sêneca estava sempre preparado para a disrupção e sempre inserindo essa disrupção em seus planos. Ele estava preparado para a derrota ou vitória. E sejamos honestos, uma surpresa agradável é muito melhor do que uma desagradável.

Mas isso significa que porque a rejeição era esperada, devemos renunciar diante dela?

Não, claro que não. É então que precisamos nos lembrar da clássica expressão estoica, aquela com a qual Epicteto abre seu Enchiridion:

Ta eph’hêmin?

Cabe a mim?

Se isso soa familiar é porque a sabedoria dessa linha simples também é expressa na Oração da Serenidade:

Deus, dai-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as coisas que posso e sabedoria para saber a diferença.

Digamos que seu argumento de venda para o seu negócio foi rejeitado por um cliente em potencial. Digamos que você foi rejeitado pelo emprego dos seus sonhos.

Os estóicos querem que você aceite que isso faz parte da vida, mas também responda virtuosamente e faça o seu melhor. Isso não significa aceitação e autopiedade — significa aceitação e, em seguida, apresentar a melhor resposta possível de que você é capaz.

Significa pedir feedback, refinar seu slide, seu currículo, sua abordagem, buscar orientação, fazer perguntas difíceis a si mesmo, praticar.

Significa fazer todo o possível e aceitar que, mesmo assim, as coisas podem não acontecer do seu jeito.

Essa é a resposta estoica à rejeição — aceitar com equanimidade e seguir em frente com virtude.

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